EDUCAçãO

O caminho de muitos estudantes amapaenses até a escola passa por rios, igarapés e lagos – paisagens comuns da realidade amazônica. Para atender este público, o Governo do Amapá assegura 463 transportes fluviais a 7.156 alunos ribeirinhos que dependem exclusivamente deste meio de locomoção para frequentar as aulas.

As embarcações – conhecidas como catraia - comportam até 12 alunos, têm coletes salva-vidas e outros equipamentos necessários em caso de emergência, priorizando a segurança dos pequenos. O incentivo faz parte das medidas de fortalecimento e acesso à educação de qualidade.   

A Escola Quilombola Estadual David Miranda dos Santos fica na comunidade de São José do Matapi do Porto do Céu, distrito do Coração, na zona rural de Macapá. Dos 178 alunos matriculados, 40 dependem desse transporte para chegar até a localidade, pois moram nas comunidades adjacentes.

Uma dessas alunas é Dariele Pantoja, 12 anos, que é moradora da comunidade ribeirinha Sítio Alto e utiliza diariamente a embarcação. O trajeto para a escola leva meia hora e é emoldurado pelas belezas do rio Matapi e da mata. Dariele revela  que, após as férias, estava com saudades da rotina de estudante.

 “Eu não via a hora de voltar para escola. Lembro que antigamente meus irmãos precisavam ir de canoa para as aulas, pois não havia catraia suficiente. Agora, eu espero o transporte aqui na frente de casa. Meus amigos que moram mais longe embarcam primeiro e, depois, a catraia chega até mim”, contou a menina que está no 6º ano. 

A mãe de Dariele, Janilda Pantoja, de 41 anos, relembrou que seus outros três filhos chegaram a ir de canoa para a escola. Quando chovia ou a maré estava muito forte, eles tinham que faltar às aulas.

“Agora, eu sei que minha filha vai à escola com mais segurança e fico mais tranquila quanto a isso. Ela é uma menina muito dedicada e estudiosa e sempre acorda animada para ir ao colégio, e sei que ter esse transporte  é um grande incentivo para elas e outras crianças da comunidade”, reforçou Janilda.

Mais segurança

A Escola David Miranda dos Santos conta com cinco catraieiros contratados pelo Governo para realizar o serviço de transporte dos alunos. Para conduzir os estudantes, esses profissionais precisam ser habilitados pela Marinha do Brasil e capacitados com o curso de Embarcações Escolares, que os ensina as técnicas necessárias de condução. Além disso, a cada cinco anos é necessário que esses profissionais realizem cursos de atualização.

A diretora da escola, Maria do Socorro, pontuou que os transportes diminuem a evasão escolar e trazem mais conforto e segurança para os alunos. Ela acrescenta que o novo prédio foi reestruturado pelo Governo, mais um incentivo para ampliar a qualidade do ensino.

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“Todo esse incentivo é fundamental para o nosso fazer pedagógico, pois, hoje, vejo nossos alunos chegando com entusiasmo e dispostos a aprender, porque eles têm mais estruturas. Hoje, nossa escola é um modelo para as demais e me orgulho muito de tudo isso”, declarou a diretora.

A escola faz parte das 26 instituições quilombolas de ensino do estado, sendo a primeira a receber a Sala de Práticas Pedagógicas, um ambiente que busca um conceito de educação cada vez mais integrado. O nome da instituição homenageia o professor David Miranda dos Santos, personalidade importante para a comunidade.